Você sabe o que é economia criativa?

Modelo colaborativo de realizar trabalhos e ações tem feito a diferença no resgate de espaços públicos e na vida de comunidades.

Os interesses e a ação coletiva são a base da economia criativa.

Você já deve ter se deparado com o termo economia criativa, certo? Embora não seja novo, esse conceito vem ganhando força quando o assunto é alternativas para a ativação da economia e a valorização de comunidades.

Por se tratar de um termo com diferentes interpretações, preparamos um conteúdo inteiro para explicar do que se trata. Mas, antes, vamos falar sobre essas diferenças, apontadas por quem enxerga a economia criativa no seu propósito mais amplo. 

Linha de entendimento
"Indústria criativa" é uma das utilizações mais comuns para o conceito. A ideia é associar economia criativa a segmentos que praticam o fazer criativo, gerando emprego e movimentando o setor econômico.

Este universo contempla áreas como a cultura, a educação, a arquitetura, o entretenimento e similares. Ou seja, o audiovisual, como cinema e programas de TV, pintura, fotografia, literatura, projetos de design etc.

A economia criativa também é associada a trabalhos manuais, como o artesanato, e a produção de quitutes caseiros. Esses usos, contudo, restringem o conceito a ramos de mercado que podem ser vistos como simplistas.

Mas, não se engane! A economia criativa é compreendida de forma muito mais ampla, pois seu propósito vai além do fazer criativo em si.
 
Parece um assunto complicado, né? Calma, até agora trouxemos o conceito, mas ao longo deste artigo, vamos detalhar a prática.
 
Você não só vai compreender exatamente do que se trata a economia criativa, como, muito provavelmente, vai identificar situações próximas a você.

Quem sabe até se inspirar para tirar algum de seus projetos do papel?
Então, vamos lá!
 

Afinal, o que é economia criativa?

 

Na prática, é o agrupamento de pessoas com interesses em comum, e que se unem para realizar uma ou mais atividades de modo coletivo e colaborativo. Portanto, cada pessoa contribui do seu jeito, com conhecimentos, talentos, força de trabalho, habilidades, tempo, recursos.

Os primeiros registros sobre economia criativa são do Reino Unido, que percebeu o potencial econômico e de transformação de ambientes urbanos ao reunir pessoas em torno do mesmo objetivo.

No Brasil, a aderência a esse modelo de atividade já trouxe ganhos significativos para muita gente. Vamos citar exemplos mais adiante.

Quando pensamos em movimentação econômica, logo vem à cabeça a tradicional relação patrão-empregado ou contratante-contratado. Esse é o padrão do mercado mais habitual em nossa sociedade.

A economia criativa propõe outra estrutura, com lideranças em vez de chefias. E uma das razões para que seus efeitos sejam tão positivos é exatamente a sua estrutura colaborativa.

Onde aplicar esse modelo?

mulher negra de cabelos soltos sorri para a frente segurando legumes e verduras, atrás dela um gramado com barracas de feira livre e pessoas circulando.

Eventos coletivos como feiras são uma marca tradicional do modelo de economia criativa.


Em diferentes campos, desde que possa ocorrer de modo coletivo. A economia criativa também contempla qualquer classe social ou localidade.

Logo, pode ser praticada em bairros carentes de infraestrutura ou em regiões mais abastadas. Por pessoas com formação técnica robusta ou quem busca aprimorar suas habilidades.

Sim, a economia criativa no Brasil é mesmo democrática. Por isso, nas esferas social, econômica e cultural tem essa grande capacidade de transformação.

Sabe aquele movimento que une esforços para colocar algo em prática, fazendo acontecer? É isso.

Efeitos da economia criativa

Agora é hora de compreender por que esse "modelo de negócio" transforma realidades, já que tem como premissa liberdade para criar.  
 
Imagine habitantes de um bairro periférico que se unem com a finalidade de encontrar uma melhor utilização para os canteiros de uma avenida. Com o aval do poder público, transformam esse espaço em uma horta comunitária.  
 
A produção é dividida entre as famílias, que passam a ter refeições mais nutritivas. A produção excedente é doada a ONGs locais e comercializada a preços generosos, rendendo quantias em dinheiro para dividir no grupo.  
 
Nesse exemplo, houve a prática da economia criativa a partir de uma necessidade e uma oportunidade. Os resultados foram:

  • Valorização de talentos, do espaço e do esforço coletivo;
  • Inclusão, sensação de pertencimento e voluntariado;
  • Contato com a natureza.

Sabe o que mais? Essa ação coletiva pode ser um estímulo para alguém do grupo aprender sobre hortas, culinária ou alimentação saudável. Por isso, há também o incentivo à busca por mais conhecimento. 
 
Economia criativa tem a ver com tudo isso. Não é à toa que muita gente diz que ela é uma grande geradora de felicidade.

O que é ter criatividade na economia criativa?

É buscar soluções viáveis e promissoras em vários aspectos, não somente no produto ou serviço em si. Muitas vezes, existem boas pitadas de inovação também. Veja mais um exemplo: 

Na cidade de São Paulo, bairros como o de Santa Cecília e da Pompeia adotaram as feirinhas para promover a ocupação de ambientes urbanos. E isso está ajudando a transformar a realidade dessas regiões.

Nos fins de semana, o movimento de pessoas nos bairros despenca. Para trazê-las a esses espaços, moradores e moradoras dessas regiões optaram por realizar feirinhas. Apostaram no potencial de transformar ruas vazias em corredores para atividades culturais.

Para atrair o público, planejaram a venda de comidas, bebidas, sorvetes e doces artesanais. Também de roupas, crochê e tricô, tecidos pintados, quadros, bijuterias, entre tantos outros itens. Claro, e diversas apresentações artísticas.

Ao mesmo tempo em que levaram as pessoas para as ruas, também geraram renda. Colocaram a ideia em prática e deu tão certo que pessoas de bairros mais distantes passaram a frequentar a região.

As feirinhas se consolidaram, ganharam fama e um calendário para acontecer, sempre nos fins de semana. E as ruas viraram pontos de encontro de famílias, amigos, artistas, turistas etc.

Percebe como uma ação que começou com uma insatisfação, que envolveu esforço coletivo e criatividade, foi capaz de gerar ganhos para muita gente?

E, claro, transformar a vida de pessoas e das localidades a partir de seus desdobramentos? Esse modelo de feira se encaixa perfeitamente no propósito da economia criativa.

Áreas de atuação

Qualquer segmento pode ter boa performance na economia criativa, mas alguns conseguem mais aderência. Os ramos citados nos exemplos acima ilustram bem isso.

Se considerarmos os dias atuais, a produção de aplicativos e games também pode ser um excelente caminho. Afinal, jovens se interessam muito pelo universo da tecnologia e costumam cultivar o hábito de jogar coletivamente.

Independentemente do ramo de atuação, vale reforçar que um importante diferencial na jornada da economia criativa é o conhecimento prático e teórico. Essa bagagem ajuda a abrir portas.

Por isso, nesse modelo de ativação econômica e valorização de espaços, a formação profissional conta para alcançar o sucesso.

Qual a relação com design?

A criatividade é um ponto em comum entre o design e as artes manuais do ponto de vista desse tipo de economia.


Muita gente associa economia criativa a design, como se fossem iguais. Claro que, para quem trabalha nessa área, é indispensável ter criatividade.

Mas isso não significa que falar de uma coisa é, necessariamente, falar da outra. A área do design encontra um terreno bastante fértil na economia criativa, assim como turismo, gastronomia, perfumaria etc.

Economia criativa e empreendedorismo

Depois de todas essas informações, você pode estar fazendo algumas conexões.

Afinal, muitos negócios que estão hoje na estrutura tradicional de trabalho começaram de forma colaborativa. E avançaram em busca da formalização.

Só não podemos considerar que ambos sejam modelos equivalentes. Quem empreende entra na esteira da concorrência de mercado.

E na economia criativa, as relações são outras, sem a competitividade como um norteador de decisões. Reforçamos seus valores: criação de vínculos, encantamento, qualidade de vida, sustentabilidade, felicidade.

São métricas que, nem sempre, cabem em planilhas. 

Contrárias ou complementares?

Refletindo um pouco mais sobre tudo o que caracteriza a economia criativa, será que é correto dizer que ela é contrária ao modelo formal? Ou seria complementar?

Pode ser as duas coisas, e sabe por quê?

Os modelos são diferentes em muitos aspectos e já percebemos isso, certo? Mas, se analisarmos a partir de outra perspectiva, há uma evidente contribuição entre eles.

Ainda tomando o exemplo das feirinhas, há a ocupação de espaços urbanos, que impacta positivamente no comércio formal local.

Bares, padarias, lojas e demais estabelecimentos de regiões que recebem as feiras também se beneficiam com o aumento da clientela.

Além disso, a circulação de pessoas nas ruas pode ser um incentivo à abertura de novos negócios.

Futuro da economia criativa

Considerando os tempos em que vivemos, está cada vez mais evidente que caminhamos para a personalização do conhecimento. Na verdade, já é assim, mas a tendência é que isso ganhe ainda mais força.

O perfil das novas gerações também está mais alinhado com questões como sustentabilidade e qualidade de vida, que são valiosas para a economia criativa.

Pesquisas de mercado revelam ainda que jovens se preocupam mais com realização pessoal e viver experiência do que em ter cargos em grandes empresas.

Como liberdade para criar é uma premissa da economia criativa, a jornada formativa também deve ser livre. Cada pessoa trilha o itinerário que desejar: experimenta novas áreas, descobre habilidades e potencializa competências que possui.

Combinando conhecimentos

Portanto, aderir à economia criativa é seguir na direção que desejar.

Quem sabe iniciar a jornada cursando Design de Interiores, se especializar depois em Marketing Digital, conhecer os desafios da gestão de resíduos, partir para uma graduação em Arquitetura e Urbanismo e, em meio a tudo isso, aperfeiçoar o inglês e o espanhol.

O conhecimento desenvolve talentos individuais que, somados, engrandecem o trabalho coletivo. O sucesso de cada pessoa importa para o todo, e vai fortalecendo a conexão na comunidade.

Assim, todo mundo sai ganhando. Viu como o assunto é inspirador? 

BARRA DE PROGRESSO - FINAL DO CONTEÚDO

Colaboração:
https://www.sp.senac.br/documents/51828463/0/alecio-rossi.jpg/badeaa77-0b37-e9f9-fa15-cce2296e7749?version=1.0&t=1689191865281&imagePreview=1
Alécio Rossi Filho
ex-coordenador de Desenvolvimento de Design do Senac São Paulo
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