No Brasil, o meio de comunicação oficial da pessoa surda com perda auditiva profunda é a Libras, a Língua Brasileira de Sinais.
Trata-se de uma língua com modalidade visuoespacial, ou seja, a informação tem origem no olhar, nos gestos, nas expressões faciais e corporais.
Sem ela, as pessoas surdas seriam muito prejudicadas em seu desenvolvimento social, intelectual e pessoal.
Mas o aprendizado de Libras não interessa apenas à comunidade de pessoas surdas, como algo separado do "mundo dos ouvintes".
Para quem não pertence à comunidade de pessoas surdas, desenvolver essa habilidade de comunicação permite o acesso a uma nova cultura, o despertar para um mundo novo com garantia efetiva de inclusão.
Afinal, informação, conscientização e conhecimento cumprem papel importante para todas as pessoas.
Que tal se tornar multiplicador desse saber? A seguir, revelamos algumas informações essenciais para inspirar você nesse universo. Continue a leitura!
Libras: 8 informações essenciais sobre o idioma
Além dos sinais com as mãos, as expressões faciais também são importantes para o aprendizado de Libras.
1. Como surgiu a Língua Brasileira de Sinais?
A primeira escola para surdos do Brasil, ¿Imperial Instituto de Surdos Mudos¿ (atual INES - Instituto Nacional de Educação de Surdos), foi fundada em 1857.
Como Dom Pedro II tinha um filho surdo, convidou o francês Eduard Huet ¿ que também ficou surdo aos 12 anos ¿ para fazer esse trabalho.
A partir de então, a Libras foi tomando forma, com adaptações da metodologia francesa para a realidade brasileira.
2. Você sabia que Libras é a segunda língua oficial do Brasil?
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira determina que escolas com crianças surdas garantam intérpretes de Libras durante as aulas regulares.
O reconhecimento ocorreu em abril de 2002, por meio da Lei 10.436. A partir dela, as pessoas surdas passaram a vivenciar maior inclusão social, alcançando níveis importantes de cidadania.
Mais tarde, o Decreto 5.626 de dezembro de 2005 apresentou um planejamento linguístico para que a Libras fosse reconhecida e difundida no país.
Estabeleceu-se, por exemplo, a obrigatoriedade da presença de intérpretes e tradutores em escolas e outros ambientes institucionais da Administração Pública. Também determinou alguns parâmetros para a formação desses profissionais.
Não é por menos: segundo dados do IBGE, o número de pessoas surdas no Brasil ultrapassa 10 milhões, ou cerca de 5% da população.
3. Então, não existe uma língua universal de sinais?
Educação de pessoas surdas pelo mundo: cada país desenvolve sua própria língua de sinais.
NÃO. Cada país desenvolve sua própria língua de sinais. Os surdos dos Estados Unidos, por exemplo, utilizam a Língua Americana de Sinais (ASL).
O que existe em comum é uma evolução metodológica que inspira todas elas. No decorrer da história da educação de pessoas surdas no mundo, basicamente quatro métodos foram utilizados:
Oralismo
Predominante no período histórico em que a surdez era considerada um desvio. Com este método, pessoas surdas eram obrigadas a tentar se comunicar pela fala, sem o uso de sinais.
Bimodalismo
Mistura a língua de sinais com a língua oral de cada país, mesclando o uso de sinais e a fala. Acredita-se que este método prejudica o aprendizado pleno de Libras.
Comunicação Total
Mistura qualquer recurso linguístico possível para garantir a compreensão: língua oral, língua de sinais, códigos, danças, mímicas, etc. A desvantagem deste método é a incapacidade de universalizar a compreensão.
Bilinguismo
Permite que a pessoa surda desenvolva habilidades primeiro em Libras, e na sequência aprenda a língua escrita do seu país.
Atualmente, o bilinguismo é reconhecido como o método mais adequado de ensino, pois permite que a pessoa surda seja fluente primeiro em Libras.
Para acrescentar sua formação, a pessoa já fluente na língua de sinais desenvolve outras habilidades, como a fala de acordo com o idioma de seu país. No caso da Libras, a Língua Portuguesa.
O movimento contrário, aprender recursos da fala antes dos sinais, pode comprometer o aprendizado de sinais.
4. Em que situações a presença do intérprete de Libras é obrigatória?

Decreto garante a presença de intérpretes de Libras em repartições público que prestam serviço ao cidadão.
Conforme o Decreto 5.626, a presença do intérprete e tradutor de Libras é obrigatória em qualquer repartição pública que preste serviços de atendimento aos cidadãos e serviços burocráticos.
Outra conquista veio da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira ¿ que determina que escolas com crianças surdas tenham intérpretes atuando dentro de turmas regulares.
Tudo isso para que a Língua Brasileira de Sinais seja aprendida o mais cedo possível. Bem importante, né?
No entanto, a contratação de intérprete não deve ficar restrita apenas a essa obrigatoriedade.
Empresas privadas que empregam pessoas surdas precisam assumir a responsabilidade de viabilizar a comunicação efetiva para contribuir com o melhor desenvolvimento do trabalho.
Palestras e programas de televisão também precisam ser produzidos com foco nessa inclusão.
5. Existem gramática, gírias e regionalismos em Libras?
SIM. As regras gramaticais são importantes para universalizar a comunicação em qualquer língua, inclusive em Libras.
Por exemplo: enquanto na Língua Portuguesa usamos os pronomes eu, tu, ele, ela, nós, vos, eles, elas; em Libras temos eu, você (sempre olhando para a pessoa), ele e ela (apontando para a pessoa) e o nós ¿ que obrigatoriamente se desdobra em nós dois, nós três, nós quatro, e assim por diante.
Você sabia? O alfabeto em libras é representado com ícones que relacionam letras à configuração de dedos e o movimento das mãos. |
Mesmo com regras claras, assim como na Língua Portuguesa, algumas gírias e expressões podem variar conforme a região.
O sinal de "avião" em São Paulo é diferente do sinal de "avião" no Rio de Janeiro, por exemplo. O que muda é apenas o posicionamento de um dedo para representar o objeto.
6. Quanto tempo de estudo para ser fluente em Libras?
Libras é uma língua complexa, seu aprendizado exige bom conhecimento da estrutura, sintaxe e léxico. Investir nesses pilares de formação é o que torna possível a utilização de variados recursos para que o interlocutor surdo construa conceitos e compreenda o mundo que o cerca.
Praticar para aperfeiçoar
Dada a complexidade da língua, apenas fazer o curso não é o suficiente. Para se tornar fluente é preciso praticar e conviver com a comunidade surda. O tempo necessário para o aperfeiçoamento dependerá da dedicação e da prática de quem estuda o idioma.
7. O curso de Libras do Senac forma intérpretes profissionais?
NÃO. Assim como um curso de idiomas tradicional, a formação em Libras do Senac não forma intérpretes profissionais.
Embora a profissão de intérprete e tradutor de Libras esteja crescendo bastante no Brasil, para atuar nessa função é necessária a formação mais específica na área.
Após a formação profissional, há muitas oportunidades de atuação no mundo do trabalho. Confira algumas:
- Em sala de aula, auxiliando no aprendizado de estudantes surdos;
- Instituições privadas, como bancos e hotéis, que lidam com públicos variados;
- Empresas com pessoas surdas no seu quadro de funcionários;
- Centros culturais, emissoras e estúdios de TV que produzem conteúdo acessível;
- Tradução simultânea para espetáculos de teatro, shows, palestras e eventos sociais.
8. Como é o aprendizado básico de Libras?
Há recursos que facilitam o aprendizado de libras como as dramatizações, jogos e dinâmicas.
É como aprender um novo idioma!
Mas, nesse caso, as expressões corporais também são incluídas para diferenciar palavras e contextos.
Por exemplo, para se referir a um homem andando, pode-se usar as pernas e simular o movimento. Na continuidade da conversa, caso o objetivo seja dizer que "um cachorro andou", a indicação corporal, assim como as expressões faciais serão diferentes para viabilizar a compreensão da mensagem.
No Senac, por exemplo, a carga horária do curso pode variar de 45 a 160 horas, mas o aprendizado depende muito de como o estudante colocará em prática o idioma, tanto em sala de aula, quanto nas situações cotidianas.
Por conta disso, o conteúdo do curso explora tanto as regras gramaticais quanto a prática da língua a partir de situações reais do dia a dia, utilizando recursos como dramatização, expressão corporal e facial, jogos e dinâmicas. Legal, né?
Outro ponto importante é o público-alvo desse curso: as formações de Libras do Senac têm como foco o público ouvinte e alfabetizado, ou seja, não reúne pessoas surdas em processo de formação básica.
E aí, curtiu a possibilidade de fazer parte dessa comunidade? Então dê o próximo passo e conheça os cursos de Libras do Senac.
BARRA DE PROGRESSO - FINAL DO CONTEÚDO